quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A emoção de uma Copa do Mundo

Este ano faz 50 anos desde o primeiro título mundial da seleção brasileira de futebol. De 1958 para os dias de hoje, após mais quatro conquistas, acredito que somente uma coisa ainda permanece intacta no coração e na alma dos brasileiros, a paixão pela seleção canarinho.
Começo dizendo que não assisti aos três primeiros títulos e me entristeço com isso, pois a emoção que senti diante de 1994 e 2002 deixa um quê na minha alma quando imagino o que significaram a era de Pelé, Garrincha e companhia.
É verdade que a tecnologia, facilitou muito a vida dos torcedores, nas Copas de 58 e 62 às dificuldades eram enormes. Os torcedores só conseguiam saber das noticias pelas transmissões ao vivo nas rádios e nas crônicas esportivas romantizadas principalmente pelos irmãos Mário Filho e Nelson Rodrigues. A partir do tricampeonato em 1970 as transmissões chegaram às telas de TV, tirando assim o exagero e a emoção de textos esportivos que encantavam e permeavam conversas de pai para filho.
A copa de 94 foi realmente incrível, era a primeira vez na historia que uma final de Copa do Mundo era disputada nos pênaltis. Podíamos ver nos olhos dos torcedores a aflição que sentiam, não apenas aqui no Brasil, mas também nas arquibancadas do estádio. Apesar dos EUA não terem muita tradição no futebol, a Copa do Mundo seduziu os cidadãos americanos de uma forma que ninguém esperava.
Chega o grande momento, Roberto Baggio erra a última cobrança e 24 anos depois do tri o Brasil volta a erguer a taça da copa. Esse pênalti não sai da cabeça de nenhum brasileiro, não apenas o chute para fora; mas também uma voz, a voz de Galvão Bueno ao fundo junto com o tema da vitória de Ayrton Senna, completamente emocionado abraçando o Rei Pelé e gritando: “É tetra! É tetra!”.
Em 2002 a emoção foi à mesma. A seleção brasileira era um time desacreditado e a nação não levava muita fé na equipe de Felipão. Mas não tem jeito quando rola a bola todos os brasileiros esquecem seus problemas e torcem juntos apesar das adversidades do time. Todos nós; brancos, negros, pobres e ricos acordados nas madrugadas de jogos brasileiros na expectativa de um bom resultado, fazendo uma corrente de boas vibrações para os atletas no Japão.
E a taça do mundo é nossa novamente, mesmo com Felipão contrariando 180 milhões de brasileiros, o Brasil se sagra pentacampeão mundial. Com a vitória não tem jeito, o país vira uma festa só e quando nossos heróis desembarcam em Brasília são recepcionados por milhares de pessoas. E o que nos faz sentir todas essas emoções? Todo esse orgulho de ser brasileiro? Isso eu não sei dizer.

Chegando lá

Molina era um rapaz agitado que tinha o grande sonho de participar de uma Copa do Mundo. Todos os dias ele treinava nas "peladas" com os amigos para alcançar seu sonho.
Aos 16 anos já estava em jogos amadores organizados pela Federação Mineira de Futebol. Seu talento era incrível, dominava o campo e todos os jogadores e técnicos o respeitavam e admiravam.
Por causa de suas habilidades conseguiu um grande patrocínio e pode se dedicar inteiramente à carreira. Foi para a Europa, continente dos melhores do mundo, onde esperava atingir mais rapidamente seu sonho.
Sua carreira disparou, aos 21 anos era a grande estrela dos gramados do Campeonato Alemão. Seu esforço foi premiado com uma participação na Champions League, principal competição de clubes na Europa.
Não foi a sua temporada, marcado por erros grosseiros e uma briga com um atacante de um time turco, fez com que tomasse uma suspensão de 2 anos; seu sonho fora adiado.
Com o tempo sobrando para refletir, desenhou mentalmente seus objetivos. Sabia que autocontrole e determinção são as principais características de um vencedor. Treinou todos os dias e ao fim de sua punição estava em plena forma para arrasar nas partidas.
Não deu outra, por atuações impecáveis e decisivas, foi finalmente convocado para uma Copa do Mundo.
Mesmo nervoso com a estréia no campeonato mundial, manteve o foco e não decepcionou. Percebeu após a primeira partida que tinha chances de chegar à final. Algo antes inimaginável que o deixava em estado de êxtase.
Chega o grande momento, estádio lotado para assistir Inglaterra x Portugal, a grande final da Copa da África do Sul. Sua alegria é imensurável, está com a sensação de que nada mais em sua vida será como aquele momento.
Faz o sinal da cruz e apita o início da partida, conseguiu realizar seu sonho. Ser um árbitro de final de Copa do Mundo.